domingo, 26 de julho de 2009

A cabana

.

São tantas as coisas que eu deveria ter feito e as que não fiz...
Foram tantos os dias que me deixei levar por coisas pequenas ao invés de estar em plenitude no teu abraço, mas que em nenhum destes momentos passei a amar menos!

Foram tantos os risos indiscretos, e os carinhos mútuos que mesmo cansados de uma noite de discussões infindáveis acabávamos sempre por pertencer um ao outro, de um modo ou de outro... O pensamento não desligava e as cordas que atavam nossos corpos a cada dia mais unidos foi também nossa perdição!

Não houve sequer um dia que deixei de me sentir plena na tua companhia!E com certeza não houve intensidade mais forte batendo todos os dias no meu coração e pedindo espaço para ocupar sempre mais!

E assim algo se instalou absurdamente ligeiro, e com todos os apreços de uma vida conjunta, fomos tomando parte de um todo particular. Era como viver esperando a hora de encontrar sem pensar nas despedidas!

Foi tudo em um segundo...
Era tudo no meu mundo...
E nunca vi como tragédia grega ou coisa absurda!

Nos teus olhos encontrei verdade, a qual me ganhava, mas fingia para desmerecer, que haviam mentiras encobertas que assombravam meus dias.

Mas era o medo!
A inconstância!
As brechas que deixavam por alguns segundos faíscas de pequenos perjúrios celebrarem dentro de nossa íntima cabana o aconchego e conforto de amar e ser amada. E assim, muito bem instaladas, essas faíscas passaram a ser fogo!

E fogo destrói...

No meio das cinzas apesar da chama assoladora, ainda existiam muitos traços de lembranças. Porque foram tantos os casos, foram tantos os abraços, que despedida nenhuma foi capaz de determinar a causa mortis da infindável estação que estava por alí, imersa nas cinzas já tão alastradas pelo chão. Um terreno baldio que assolava aquele coração!

Assim, com o absorto inconveniente da chama que queima e destrói, pode-se ver através da janela que os pedacinhos de uma nova estação estariam por vir. Cuidadosamente selados, sem frestas, sem estilhaços! Apenas com a imensa devoção impregnada ali, pois deste que já viveu ao fogo e mostrou que as raízes não estavam presas apenas à superfície, era como uma fênix que renascia do pó de cinzas, mesmo que espalhadas por todos os cantos...

Onde o pensamento permitia, ia instalando-se a cada segundo a sensação do início, com uma nova forma, como numa obra de arte, que mesmo sendo feita pelo mesmo artista, nunca sairia exatamente igual à primeira!

Reluzia de fora, e por dentro estava tudo muito bem protegido, afinal, havia-se construído algo muito mais sólido, mas que mesmo em toda a sua permanência intocável não deixava de guardar em si as razões e sem razões de amores que conhecem a si mesmos, e que ao debaterem-se em relações conturbadas, mantêm longe daquele interior tão bem organizado as virtudes de algo que não se prende ao óbvio e não pode ser marcado com dias fincados no tédio primaveril que assola inegavelmente a maioria das coisas e pessoas que víamos juntos por aí.

Não se pode abater aquilo que é rígido de criação. De fato todos os acontecimentos vieram a ruir esse sentimento, para que bem ao nascer dele soubesses que não era feito de vento, nem que derreteria como açúcar na água caso houvesse tempestades ameaçando cair!

Foi criado na ventania que tentava levar a cada dia grãos, pedaços, lascas, para construir por aí uma nova cabana. Mas vendo que a ventania não cessaria, tratou de enrijecer de dentro para fora, amadurecendo assim com exímio primor!

(Suellen Verçosa)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Re.Cri.An.Do

.
Cada passo verdadeiro não é dado em vão.
E um dia você acorda querendo mudar tudo,
trocar os móveis de lugar, mudar o cabelo,
ver a vida de outra forma.
.
Renascer,
recriar-se...
.
Não que você não estava bom o suficiente
da forma que estava, mas essa mudança
significa bem mais. Como saber que ainda pode
se desapegar de coisas materiais, que está apto
a novas experiências, que é maduro o suficiente
pra seguir em frente sem deixar que os erros do
passado atormentem e que apesar de todos os
desastres que acontecem naturalmente na vida,
você é capaz de levantar todos os dias e saber que
quem perdeu a batalha, não perdeu a guerra,
e não se dar por vencido!
.
Tenho inúmeras vocações,
todas muito bem cumpridas até então.
E o que quero hoje, o que vejo hoje já não condiz
mais com aquela velha moça...
Essa aqui, de hoje, de agora, quer provar ainda
mais a força que tem e ser feliz,
não um feliz pra sempre como nos contos de fadas,
porque nesses não acredito mais!
.
Quero viver intensamente, sem a certeza do amanhã,
sabendo que só o tempo responderá algumas dúvidas e
outras nem assim deixarão de existir.
.
Tenho sede de aprendizados e muita
garra pra lutar pelos meus objetivos.
.
E que venham as pedras no caminho,
hoje já sei muito bem o que fazer com todas elas!
.
(Suellen Verçosa)

sábado, 4 de julho de 2009

Deliríos em um vendaval sem fim

.
Era como vendaval que arrastava tudo por onde passava
Devorava as palavras
Cantava rimas questionáveis
E só haviam passado algumas poucas semanas
.
Cruzava os dedos esperando o reencontro
Era magia, era loucura e paixão
E tudo isso trajava pureza e inocência
Fascínio que nos queimava e ardia

.
As horas viravam segundos
E as palavras saiam perambulando entre os lábios
Foram tantas razões desperdiçadas
Porque nada seguiu um limite plausível
.
Sem contar o momento de ir embora
Deixamos que o tempo decidisse pela partida
Pois não havia desejo mais real
E não haverá amor mais ardente

.
(Suellen Verçosa)